quarta-feira, novembro 20, 2013

RECURSOS PARA A CULTURA

Em crônica anterior publicada em meu blog CULTURA ESCRITA.Blogspot.com denominei São Leopoldo “A Capital da Cultura”. É sede da Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS com um Centro Tecnológico reconhecido internacionalmente e o Instituto Anchietano de Pesquisas especializado em Antropologia e Arqueologia, dentre outros. As Faculdades Evangélicas no Morro do Espelho, O Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e dezenas de pequenas e médias instituições de educação, ciência e cultura.

Fiquei preocupado com algumas notícias veiculadas na mídia: A Casa do Imigrante, situada no Bairro da Feitoria é símbolo da chegada dos primeiros imigrantes alemães no sul no Brasil. Seu rico acervo de móveis e utensílios corre o risco de ser danificado pelas goteiras do telhado.




Fotos:


Por outro lado a Biblioteca Municipal Viana Moog teve suas instalações interditadas pelo Corpo de Bombeiros. Um acervo de 40 mil títulos corre o risco de perder-se. Parte dele (em torno de 3000 livros) foi alocado para doação ao público interessado. Uma reforma ocorrida não resolveu as infiltrações de goteiras e a falta de um plano de prevenção de incêndios.



A atual administração municipal que assumiu em janeiro deste ano tem encontrado dificuldades para operar o orçamento feito no ano anterior. Pelo noticiário da imprensa recebeu uma dívida de difícil cumprimento. Além de nossa colaboração pessoal às autoridades responsáveis, desejamos também oferecer exemplos que podem incentivar novas iniciativas: Porto Alegre e Pelotas, dentre outras cidades brasileiras, tem utilizado recursos do Governo Federal (Projeto Monumenta). 

Desse modo foram e têm sido restaurados monumentos e prédios históricos públicos e privados. Pelos últimos dados oficiais publicados as despesas com a cultura no país é de 0,3%. O Estado do Rio Grande do Sul é o 14º em investimentos, enquanto os  municípios, embora com menos recursos gastam mais, ficando em 6º lugar. Em 2011 foram gastos R$ 16 milhões, e a promessa é de R$85 milhões em 2014. Porto Alegre gastou R$48 milhões e promete R$80 milhões para 2014.

As pessoas interessadas em colaborar com a Casa do Imigrante podem telefonar para (51) 3592.4557. Para a Biblioteca, ligar com a Prefeitura Municipal de São Leopoldo.

A SERVIÇO DA SAÚDE

Em minhas andanças de administrador hospitalar tomei conhecimento, no início dos anos 2000, da existência de um Centro altamente especializado no tratamento do câncer. É o Serviço de Oncologia Centenário, dirigido pelo Dr.Adalberto Broecker Neto. Localiza-se próximo ao Hospital Centenário, em São Leopoldo. 

Possui uma infraestrutura equipada com a mais moderna tecnologia de combate ao câncer numa área de 2.500 m², setores especializados e medicamentos desenvolvidos na atualidade para o combate ao câncer. Tem consultórios, salas de exames clínicos, raios X, planejamento, sala do acelerador linear Clinac 600 CD, com Multileaf de 120 lâminas, permitindo aplicar Radioterapia de Intensidade Modulada ( IMRT).

O Serviço de Oncologia atende em torno de 42 municípios da Encosta da Serra, Vales do Caí, Sinos e Paranhana. A média diária de mais de 100 atendimentos, será duplicada até o início do próximo ano quando um novo equipamento importado ocupará uma  área em concreto especial para evitar vazamentos de radiação.

Encaminhado pelo Dr. André Kruse passei, nos últimos três meses, a ser paciente do Serviço sob orientação da Dra. Márcia Medaglia, e apoio da enfermeira Fernanda.O atendimento radioterápico é feito pelos técnicos Josiane, Fábio e Peti com extrema dedicação, carinho e respeito ao paciente. As secretárias Renata, Karina, Andréia e Luiza são afáveis e mui atenciosas aos pacientes e seus familiares, oferecendo todas as informações e encaminhamentos adequados, muitas vezes em momentos de angústia e dúvida.

Existe uma harmonia no funcionamento do Serviço de Oncologia Centenário demonstrando que um serviço médico organizado e com gerenciamento eficiente pode oferecer conforto e segurança aos seus pacientes e familiares. O atendimento de todos os convênios de saúde e o Sistema Único de Saúde caracterizam-no como um autêntico serviço de utilidade pública.

domingo, setembro 22, 2013

O DRAMA DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS

A Agência Brasileira de Notícias(ABN) informou da grave carência de bibliotecas públicas escolares no Brasil . Há necessidade de serem construídas 130 mil bibliotecas até 2020 para cumprir uma lei que obriga a existência de ao menos um livro por aluno em cada escola da rede pública do País. É um drama do conhecimento daqueles que tem ao menos um pouco de interesse pela leitura escolar tanto quanto à de ficção e entretenimento.

Atualmente na rede pública escolar apenas 27, 5 % das escolas possuem bibliotecas. Em nossa região ao menos são vários os pequenos municípios que possuem as mais significativas formas de incentivos à leitura: Em Morro Reuter um monumento ao livro está numa praça central da cidade, atestando o carinho da municipalidade. Picada Café promove leituras e entrevistas de estudantes além das feiras de livros com distribuição de mesada para que cada aluno possa ao menos comprar um livro. O mesmo ocorre com Dois Irmãos, com incentivos à leitura patrocinados pela municipalidade.

A Biblioteca Pública Estadual, em Porto Alegre, agora denominada Moacir Scliar, funciona parcialmente. Alvo de uma reforma, estará à disposição total do público no início do próximo ano. Ela foi vítima de um lamentável equívoco de ex-diretor de cultura que mandou cobrir as belas pinturas das paredes internas alegando que distraiam os leitores.



O descaso de governos da república velha fez com que 40.000 títulos e um sem número de obras de arte do período Brasil Colonial  e Portugal fossem parar na Universidade Católica da América, em Washington. O diplomata e historiador Manoel de Oliveira Lima, detentor daquele acervo entregou-o àquela Universidade em virtude do desrespeito que fora tratado pelo governo brasileiro.  No momento 60.000 títulos, estão no sub-solo daquela universidade que vem arrecadando fundos para dar um local mais adequado ao acervo.

Enquanto isso no Brasil autoridade alguma, através do tempo, demonstrou algum interesse a respeito desse acervo bibliográfico e artístico que poderiam enriquecer uma ou até mais bibliotecas públicas.

Fotos: http://www.bibliotecapublica.rs.gov.br/

O CRONISTA DAS MISSÕES

Quando garoto em Porto Alegre acompanhava meu pai nas visitas aos amigos no centro da cidade. Um dos encontros mais agradáveis era com nosso primo o Professor Antonio Valentin Grando, inspetor do ensino técnico. Seu escritório na Secretaria de Educação era um local movimentado. O professor Grando era comunicador nato, amigo dos diretores, colegas e demais funcionários.

Sua liderança permitiu-lhe a eleição à presidência da Frente Agrária Gaúcha, entidade em defesa dos agricultores. Católico fervoroso mantinha as melhores relações de apoio e amizade com padres e bispos identificados com a causa. Durante a ditadura civil-militar sofreu a vigilância dos agentes dos governos. Seus passos, viagens, participação em seminários, cursos e congressos eram acompanhados de perto e gravados pelos arapongas da ditadura. Durante mais de dez anos foi convocado para esclarecimentos junto à policia politica( famigerada DOPS). Nada foi provado em desabono de sua conduta, pois ele educador, sabia de seus  direitos e deveres cívicos.

Onde o professor Grando destacou-se de modo especial foi no jornalismo. Dotado de ampla cultura geral e poliglota, além do português, dominava o italiano, francês e o espanhol. Foi publicado em periódicos do interior e dos países vizinhos próximos. Suas crônicas, contos e novelas descreviam as venturas e desventuras de brancos, negros, caboclos, índios, castelhanos e imigrantes que povoaram o interior do Estado, de modo particular a região missioneira onde residia. Alguns títulos: El Cerro Del Monje, “Eu vi matar Saldanha da Gama”, Tesouros Jesuíticos dos Sete Povos, Índios Remanescentes, Episódio da Revolução de L.C. Prestes, 1ºCaudilho Gaúcho Sepé Tiarajú Herói Missioneiro, e muitos outros.


O professor Antonio Valetin Grando, o Cronista das Missões, marcou de forma indelével sua passagem pela Cultura do Mercosul. Tinha paixão pela arqueologia.Foi ele quem no início dos anos 70 localizou a Redução de Candelária (em S.Luiz Gonzaga, hoje Rolador).


UM MUNICÍPIO EXEMPLAR

Um Convênio Internacional, em meados dos anos noventa, celebrou o esforço conjunto BrasilxAlemanha para a preservação e conservação de antigas casas do século XIX edificadas pelos imigrantes alemães no sul do Brasil.
Foram responsáveis pelo acordo o Centro Alemão de Johannesberg em Fulda, a Feevale, tendo como coordenadora a historiadora Angela  Thereza Sperb e a arquiteta Maria Criastina Hofer do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, realizando estudos especializados na Alemanha. O município de Ivoti, através de seu prefeito municipal Arnaldo Kney interessou-se pelo projeto e o subscreveu, indicando o Núcleo da Feitoria Nova, adquirindo imóvel para restauro.

Um Curso de Recuperação e Saneamento de Estruturas de Madeira foi desenvolvido em dois módulos: um teórico no Campus da Feevale, com palestras do Dr.Engº Manfred Gerner sobre  Construções em Madeira e Estruturas Enxaimel e Contribuição das Construções em Madeira e seu legado Cultural. O Chefe de Marcenaria Bernd Kuschnick falou sobre Métodos de Investigação e ferramentas/instrumentos. O arq.Edgar B.da Luz, relatou Experiências de Restauração no RGS pelo IPHAN.

No curso prático junto às casas da Feitoria Nova, as pessoas que passavam pela rua a pé ou de carro, paravam e perguntavam o que estava sendo feito. Ao saberem do restauro alguns elogiavam, a maioria ridicularizava ou criticava o gasto de dinheiro público em casas velhas. Passados mais de dez anos, a Prefeitura de Ivoti deu uma resposta altamente positiva: urbanizou o local recuperando o arroio que inundava as casas, as ruas estão calçadas, casas restauradas e ocupadas.

Para felicidade de Ivoti o Prefeito Arnaldo Kney foi eleito para um novo mandato, calou os críticos antigos:  restaurou com sua equipe técnica e apoio da comunidade a Feitoria Nova que estava abandonada e agora trata de preservar um imóvel no centro da cidade: a Casa Hotter, considerada a maior casa em enxaimel do Estado.

Vemos em alguns municípios prédio doado pela comunidade desabar pelo abandono do poder público ou goteiras que ameaçam danificar os cômodos e mobiliários de uma casa símbolo da imigração alemã. Em Ivotí ao contrário, a Prefeitura com apoio da comunidade, restauram um bairro inteiro e agora preservam também um imóvel no centro da cidade. Ivoti é sem dúvida alguma: Um Município Exemplar!

Foto: http://ivoti.rs.gov.br/pontos-turisticos

sábado, setembro 07, 2013

O REI DA ROLETA

Quando jovem participava de uma viagem de estudos. Na visita ao Rio de Janeiro, decidimos conhecer Petrópolis, a cidade imperial. No almoço paramos no hotel Quitandinha. Impressionados com a grandeza e o estilo europeu do hotel, perguntamos ao funcionário quem era o proprietário. E ele nos disse: É o Dr. Joaquim Rolla. Ele é um gênio! Um grande homem!



Muitos anos depois aqui em N.H. tomo conhecimento da biografia de Rolla, graças ao meu colega de roda cultural do Café Luna, EngºQuímico Altino Silva.
Joaquim Rolla,nascido em 1899,em S.Domingos da Prata, Minas Gerais, homem simples foi vaqueiro, açougueiro, tropeiro e construtor de estradas.
 À sombra do Governo Vargas, com incentivo ao turismo e regulamentação dos cassinos criou mais de vinte grandes empreendimentos de relevância nacional, tornando-se grande personagem da vida social, política e empresarial. Criou a Folha da Noite Mineira e a Agencia Difusora de Anúncios. O jovem Carlos Lacerda foi seu funcionário. Gente do governo como Felinto Müller(Chefe da Polícia Política) e Benjamin Vargas(irmão mais jovem de Getulio Vargas) eram frequentadores assíduos do cassino da Urca, adquirido por Rolla em um jogo de cartas.


Aproveitou bem a política de boa vizinhança com a América Latina do presidente Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos. Astros e estrelas como Josephine Baker e Bing Crosby e o famoso Cotton Club apresentaram-se nos palcos da Urca. O produtor Walt Disney hospedou-se no hotel do cassino e Orson Welles, beberrão e muiherengo, filmou parte do seu filme “It´s all True” e a Atlântida Cinematográfica produziu as suas famosas “chanchadas”. Foi nos palcos do cassino da Urca que Lee Schubert, produtor, conheceu Carmen Miranda levando-a para Holywood.

Com a eleição do general Eurico Gaspar Dutra em 1946, este proibiu os jogos e o funcionamento dos cassinos causando um duro golpe nas finanças de Rolla, o qual foi obrigado a desfazer-se da maioria de suas empresas.
 Vivendo aposentado e auferindo de rendas de seus negócios faleceu em seu apartamento de Copacabana em 1972, após praticar jogos de peteca(seu esporte preferido) desobedecendo ordens médicas de evitar esforços físicos.
 O sobrinho Neto de Rolla João Perdigão e o empresário Euler Corradi são os autores de um livro contando a história da vida de Joaquim Rolla “O Rei da Roleta.”



  

O ATELIER DE DONA CRISTINA

Nesse inverno, além do frio intenso, recebemos a má notícia do falecimento da artista plástica e professora Cristina Emma Klein Marquardt, aos  89 anos de idade. Era natural de Getulio Vargas, residindo há 37 anos em NH. Desde  garota dedicou-se ao desenho e à pintura com indomável espírito, moderna e irrequieta, construiu espaço invejável na educação e nas artes.

Em sua confortável residência, organizou um amplo atelier, com todas as condições de uma verdadeira escola de artes. Uma biblioteca especializada em artes e cultura geral servia de consulta permanente para Dona Cristina e seus alunos de todas as idades: jovens, adultos e veteranos, recebiam a atenção e o carinho da professora, a qual, com exemplo de força e tenacidade compartilhavam seus conhecimentos e sensibilidade artística.

Em 2012 realizou a exposição “Personalidades” no Espaço Cultural Albano Hartz com uma série de retratos a óleo de personalidades de destaque nas artes, na tradição e folclore, na política e no serviço público em geral. Destacamos os nomes de João Carlos Paixão Côrtes, Ariadne Becker, Ana Amélia Lemos, Tarcísio Zimmermann e sua esposa Sílvia Zimmermann.
Como amigos e vizinhos estávamos sempre em contato com Dona Cristina, que fazia questão de mostrar seus desenhos e quadros. Em seu estúdio particular e no atelier apreciamos retratos a óleo da Presidenta da República Dilma Roussef e da artista plástica e marchand Aninha Hauschild, dentre outros.

A professora e artista plástica Cristina Marquardt participou da fundação de várias entidades dedicadas às artes e à cultura em geral, doando-se para o bem da comunidade era uma resistente defendendo o patrimônio cultural.
Em diálogo com a artista plástica Ana Aline Bender Becker, Presidente da Associação de Artistas Plásticos de NH, essa registrou o quanto dona Cristina era querida e extraordinária colaboradora da Associação, exibindo sempre uma invejável energia, vitalidade e obstinação admiráveis.


UM MUNICÍPIO EXEMPLAR


Um Convênio Internacional, em meados dos anos noventa, celebrou o esforço conjunto BrasilxAlemanha para a preservação e conservação de antigas casas do século XIX edificadas pelos imigrantes alemães no sul do Brasil.

Foram responsáveis pelo acordo o Centro Alemão de Johannesberg em Fulda, a Feevale, tendo como coordenadora a historiadora Angela  Thereza Sperb e a arquiteta Maria Criastina Hofer do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, realizando estudos especializados na Alemanha. O município de Ivoti, através de seu prefeito municipal Arnaldo Kney interessou-se pelo projeto e o subscreveu, indicando o Núcleo da Feitoria Nova, adquirindo imóvel para restauro.

Um Curso de Recuperação e Saneamento de Estruturas de Madeira foi desenvolvido em dois módulos: um teórico no Campus da Feevale, com palestras do Dr.Engº Manfred Gerner sobre  Construções em Madeira e Estruturas Enxaimel e Contribuição das Construções em Madeira e seu legado Cultural. O Chefe de Marcenaria Bernd Kuschnick falou sobre Métodos de Investigação e ferramentas/instrumentos. O arq.Edgar B.da Luz, relatou Experiências de Restauração no RGS pelo IPHAN.

No curso prático junto às casas da Feitoria Nova, as pessoas que passavam pela rua a pé ou de carro, paravam e perguntavam o que estava sendo feito. Ao saberem do restauro alguns elogiavam, a maioria ridicularizava ou criticava o gasto de dinheiro público em casas velhas. Passados mais de dez anos, a Prefeitura de Ivoti deu uma resposta altamente positiva: urbanizou o local recuperando o arroio que inundava as casas, as ruas estão calçadas, casas restauradas e ocupadas.

Para felicidade de Ivoti o Prefeito Arnaldo Kney foi eleito para um novo mandato, calou os críticos antigos:  restaurou com sua equipe técnica e apoio da comunidade a Feitoria Nova que estava abandonada e agora trata de preservar um imóvel no centro da cidade: a Casa Hotter, considerada a maior casa em enxaimel do Estado.

Vemos em alguns municípios prédio doado pela comunidade desabar pelo abandono do poder público ou goteiras que ameaçam danificar os cômodos e mobiliários de uma casa símbolo da imigração alemã. Em Ivotí ao contrário, a Prefeitura com apoio da comunidade, restauram um bairro inteiro e agora preservam também um imóvel no centro da cidade. Ivoti é sem dúvida alguma: Um Município Exemplar!

domingo, junho 09, 2013

MEMÓRIA DO SETOR COUREIRO-CALÇADISTA

Plínio Dall´Agnol

“Memórias do Setor Coureiro-Calçadista: Pioneiros e Empreendedores do Vale do Rio dos Sinos”, de Cláudia Schemes e outros, é uma publicação da Feevale com apoio da FAPERGS.Na apresentação do livro o Prof.Dr.Cleber Prodanov destaca a preservação da memória dos mais importantes segmentos produtivos do Estado, registros contendo depoimentos de alguns personagens da região, berço de todo processo industrial ligado ao couro e calçado. Eles foram selecionados por grupo de atividade profissional: estilistas, trabalhadores, empresários, representantes comerciais, transportadores, imprensa, exportadores, ativistas comunitários e detentores de cargos públicos.
O professor Prodanov concluiu sua apresentação do livro afirmando: “O Vale do Sinos ergueu-se magnificamente construído com o trabalho e o desejo de transformar uma realidade colonial em uma sociedade industrial e, cabe a nós, historiadores e homens da ciência, não permitir que essa história seja esquecida.”
Com uma linguagem bem acessível a todos leitores e sem o ranço acadêmico, o livro descreve, dentre outros, a forma cordial de trabalho entre os empresários e operários, alguns chegavam a financiar a casa própria de seus funcionários, as grandes dificuldades de comunicação nos anos 60, quando iniciaram-se as exportações, a 1ª FENAC em 1963, tendo como primeiro presidente Agostinho Emilio Cavasotto, na administração do prefeito Martins Avelino Santini, a realização dos “Raids” nacionais do calçado, para divulgar pelo país a FENAC, foram organizados pelos líderes da imprensa hamburguense. Foi grande a repercussão na mídia nacional desse trabalho de nossos representantes. O 1º Raid foi patrocinado pelos empresários Cláudio Strassburguer( Campo Bom) e Aquiles Gerhardt(São Leopoldo).
São tantas e tão preciosas as informações contidas neste livro que vale a pena conhecê-lo! Recomendamos a todos que tem interesse em saber um pouco mais sobre o nosso desenvolvimento econômico e social.

Plínio Dall´Agnol é professor e Pós-Graduado em Antropologia Cultural





O NOVO CAFÉ AVENIDA

O NOVO CAFÉ AVENIDA

Plínio Dall´Agnol

"Café Avenida, a esquina do pecado: folkcomunicação, comércio e publicidade em Novo Hamburgo",   é fruto de um trabalho apresentado ao NFK(NP Folkcomunicação da Intercom), da Profª Drª Maria Berenice da Costa Machado e de Marcelle Silveira dos Santos, Acadêmica de P&P, ambas da Feevale.
Esse texto aguçou minha curiosidade e passei a procurar e saber das heranças do antigo Avenida. Para tanto visitei o Novo Avenida e falei com a Bety( Elisabeth Bender) a qual com sua irmã Heloisa, são as atuais proprietárias. O Novo Café não repete o Antigo é obvio ,porém, está plenamente revestido de um charme e elegância próprios: recebe seus clientes fiéis e visitantes eventuais com o mesmo carinho e atenção. Os moradores do Centro, os empresários e funcionários das empresas  e escritórios,  têm a oportunidade de saborear o melhor café colonial e almoço caseiro alemão, italiano com pitadas de brasileiro. Tudo isso a preços módicos e com um serviço de primeira qualidade, liderado pelas irmãs Bender com apoio de uma equipe qualificada de funcionários.
Nada melhor do que consta no trabalho das pesquisadoras citadas no início desta crônica para falar do Novo Café e Restaurante Avenida: "Desde janeiro de 2004, a marca Café Avenida foi comprada por Elisabeth e Heloisa Bender, filhas de Otávio Bender, falecido relações públicas da Prefeitura de NH e freqüentador da esquina do pecado(anteriormente a licença de uso do nome Avenida pertenceu a Josiane Algayer). As duas irmãs instalaram na Lima e Silva, duas ruas distantes do Calçadão, uma nova cafeteria e restaurante, conservando na entrada quatro mesas originais, com as marcas do tempo e do quanto foram usadas: as suas pernas, na altura do assento das cadeiras apresentam desgastes pelo atrito. No novo ambiente, a decoração é contemporânea, com detalhes que remetem a um aromático passeio ao passado: nas paredes estão fotos da esquina do pecado, há objetos antigos espalhados".
Mini posters com foto antiga e crônica estão sobre as  mesas e um hino a Novo Hamburgo, de autoria de Ione Jaeger,  pintado numa das paredes do Novo Café e Restaurante Avenida, evocam o amor pela cidade.


Plínio Dall´Agnol é professor e Pós-Graduado em Antropologia  

PERFÍS DE JORNALISTAS

PERFIS DE JORNALISTAS

Plínio Dall´Agnol

“A imagem social dos jornalistas nunca foi das melhores. No início do século XIX quando a imprensa começava a ter em suas mãos poder político e o negócio de informar já era lucrativo na Europa, o jornalista e sua atividade eram encarados com desconfiança e desprezo.”(Carlos Eduardo Lins da Silva).
No passado, a literatura de Honoré de Balzac, Elias Canetti  e outros insistiram em retratar negativamente o jornalismo. Nos dias modernos “Cidadão Kane” de  Orson Welles no cinema é a personificação negativa do homem de negócios e jornalista inescrupuloso. O resgate da honorabilidade profissional jornalística acontece através das reportagens  investigativas de dois jornalistas americanos Bob Wodward e Carl Bernstein, do Washington Post . Eles desmascararam as tramas de agentes do partido republicano contra os  democratas. O “Escândalo de Watergate”, como foi chamado a trapaça, acabou por derrubar o governo republicano de Richard Nixon o qual afirmava que “não sabia de nada”! Aliás, coisas semelhantes parecem acontecer nos dias de hoje.
O conteúdo dessa crônica é inspirado no trabalho excepcional desenvolvido pelos professores e jornalistas Dr.José Marques de Mello e Carlos Eduardo Lins da Silva  da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo-ECA/USP. Eles propiciaram aos alunos de jornalismo um trabalho de conclusão baseado em entrevistas com 20 profissionais da imprensa.  Alguns com diploma de jornalista e outros não. Esses últimos reconhecendo a importância do diploma universitário. Para não estender  essa crônica selecionamos alguns nomes.
O primeiro foi Antonio Carlos Fon: Quando tentava uma vaga no vestibular para jornalismo nas  Faculdades de Santos, o Padre Quevedo afirmou: “Sinto muito, mas você nunca será um jornalista”!! O Padre estava equivocado. Antonio Carlos Fon atuando como jornalista já ganhou 3 Prêmios Vladimir Herzog, Prêmios da Editora Abril e Esso de jornalismo. Atuou nos mais destacados órgãos da imprensa brasileira (O Globo, O Dia, Diário Popular, Isto É, Veja).
Luis Nassif, outro entrevistado pelos alunos de jornalismo da ECA/USP foi enfático: “Manual de redação é um início importante para se implantar regras. Mas depois que todo mundo aprendeu a tocar por partitura, deve-se começar a tocar de ouvido, com criatividade.” Disse ainda: “Dentro do jornalismo é preciso ter o escoteiro  e também aquele  cara de atuação individual que vai atrás da notícia. Afinal, a busca da informação é basicamente individual.”
Dividindo atribuições com Wanuza L. de Souza, que o diga Geraldo Haubert, experiente repórter, com brilhante passagem por importantes órgãos da imprensa falada e escrita, agora diretor e editor de mais de mil semanas da Tribuna da Cidade!
Plínio Dall´Agnol é professor/pós-graduado em Antropologia Cultural


UMA BIOGRAFIA HONROSA

UMA BIOGRAFIA HONROSA

Plínio Dall´Agnol

Há poucos dias a comunidade hamburguense  perdeu uma  respeitável e destacada personalidade:  A Sra. Leslie Waltrudes Schröer, faleceu, prestes a completar 89 anos de idade( domingo, dia 23).Graças a sua neta Deyse Brandt, conheci melhor  o currículo da avó ilustre. Dona Leslie, como a chamávamos, era formada pela Fundação Evangélica. Possuía importantes cursos de aperfeiçoamento na área de finanças públicas, com cursos na Alemanha  e estágios em Berlim e Eckernförde. Começou a vida profissional em 1939, classificada em 1º lugar no Concurso Público da Prefeitura Municipal, onde exerceu os mais importantes cargos.
Assessorada pela filha Dilú Engel que viria a substituí-la posteriormente, exerceu  a Coordenação do CERTAM-Centro Regional de Treinamento Municipal, para a Região Sul.Foi Chefe da Divisão Financeira do CLAVESUL-Serviço de Classificação de Produtos Vegetais, a convite do Governo do Estado. Representou o munícipio em inúmeras entidades e comissões e tanto em Novo Hamburgo como em outros municípios.
A Portaria de Louvor Funcional do Prefeito Alceu Mosmann para a Sra.Leslie Waltrudes Schröer, em sua aposentadoria  destaca:
...”Que desempenhando cargos e funções por mais de trinta anos, com patriotismo, honra, lealdade, dedicação, além de ser conhecedora profunda dos problemas municipais, colaborando e emprestando com sua inteligência, integridade e zelo pela coisa pública, assinalados serviços, de modo especial a Secretaria Municipal da Fazenda. A sua retidão e trato lhe conquistou o respeito, a estima e a amizade dos colegas...nosso agradecimento pela colaboração que nos prestou em muitíssimas oportunidades, em tarefas estranhas à sua Secretaria, tendo sempre pontificado seu espírito público no desempenho seguro de tarefas em pról da dinamização dos serviços administrativos e de interesse da comunidade.”
Nas homenagens de corpo presente estiveram seus familiares, amigos e um expressivo número de ex-funcionários da Prefeitura Municipal.  Além da oração do pastor evangélico, pronunciaram-se de forma emotiva os ex-prefeitos Alceu Mosmann e Níveo Leopoldo Friedrich, reiterando seu reconhecimento pelos elevados serviços prestados por Dona Leslie.
Dialogando com Renato Engel, genro de Dona Leslie, concluímos que ela foi sim uma líder que comandava, nunca pedia, dava com parcimônia e justiça.
Plínio Dall´Agnol é professor/pós-graduado em Antropologia Cultural