segunda-feira, agosto 15, 2016

EM PREJUÍZO DOS AGRICULTORES

O  cientista Louis Pasteur afirmava que “o vinho é a mais saudável das bebibas ingeridas às refeições”. Infelizmente parece não ser esse o mesmo parecer e opinião do governo federal brasileiro. Esse acaba de sobretaxar as chamadas bebidas destiladas ( dentre essas a cachaça, o uísque, a vodka) somando a essas o vinho que nós cidadãos comuns consideramos um complemento alimentar, não é uma bebida de elevado teor alcoólico, portanto não deveria ser incluída entre as chamadas bebidas quentes
.O vinho é considerado um patrimônio cultural e complemento alimentar em países europeus como a Itália, a França, Portugal e outros países. Na América destacamos o uso saudável e valorização do vinho em várias regiões como a Califórnia norte-americana e em nossos hermanos vizinhos do Uruguai,  Argentina e Chile.Respeitáveis instituições nacionais e internacionais de pesquisas,
 Universidades e Centros Especializados vem demonstrando os efeitos benéficos do vinho sobre o corpo humano ( nos ossos, coração, aparelho digestivo e cérebro dentre outros).  É claro que tudo isso vem acompanhado da recomendação oportuna do consumo adequado e moderado.
 Outro lamentável equívoco do governo federal brasileiro refere-se ao prejuízo que essa tributação excessiva sobre os vinhos pode causar à uma grande cadeia de  produtores  agrícolas nas várias regiões de vitivinicultura. Nesses locais a prática é exercida  em pequenas e médias propriedades, algumas reunidas em cooperativas, de famílias de imigrantes e outros descendentes que colhem seu sustento na vitivinicultura. Além do mais com a extensão  à novas regiões como a campanha do Estado, vários pequenos municípios e exitosas cooperativas  passam  a ser punidos pelo governo federal brasileiro.
Como afirma o deputado estadual Sérgio Turra, descendente de imigrantes, “ No intuito de arrecadar, o governo  federal  brasileiro não efetua a redução de seus gastos( 31 Ministérios e outros penduricalhos)  e para evitar o déficit em suas contas penaliza os produtores e consumidores”.
 Com novas taxas a carga tributária federal atualmente superior a 50% vai se tornar mais pesada para o consumidor ao pagar sua garrafa de vinho.Para o bem de todos, seria de bom alvitre o governo federal ter a coragem de revisar sua atual posição, o que se tornaria bem simpático e até melhorar seus índices de receptividade na opinião pública. Os agricultores agradeceriam e os consumidores comemorariam com um bom cálice de vinho de alta qualidade nacional.
P.S.: Publicado na revista Fundamental de agosto/2016 sob o título O Vinho que Faz Bem

quinta-feira, agosto 11, 2016

UMA ACADEMIA EXEMPLAR


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O Estado de São Paulo é considerado tradicionalmente “ A Locomotiva do Brasil” em virtude de possuir o mais expressivo complexo econômico: mais de 50%  da movimentação financeira nacional gira naquele Estado da Federação. Sua  Bolsa de Valores é a principal do país.
 Mas não é só em economia e finanças o destaque, na área cultural a diversidade é enorme: A USP é considerada a melhor na América Latina e é destaque internacional no ensino e pesquisa. O Museu de Arte de São Paulo-MASP, na avenida Paulista possui um acervo de obras de arte de elevado valor, o Museu de Arte Contemporânea da USP  expõe em seu acervo artistas nacionais e internacionais( Modigliani é um exemplo). Além da Academia Paulista de Letras várias cidades  do interior patrocinam suas academias de letras.

Destacamos nesta crônica a Academia Bauruense de Letras da cidade de Bauru Ela reúne um grupo expressivo de escritores, jornalistas, professores e outros autores que atuam em jornais, revistas, universidades, órgãos públicos e igrejas.

Merece comentário a mais recente publicação da Academia Bauruense de Letras, lançada em dezembro passado “Natal Sempre Natal”, uma leitura para  o ano todo pelo seu conteúdo humanístico-afetivo. Cecilia Lara, coordenadora da Oficina da Palavra, prefaciou o livro comentando: - “...fui encarregada por Rosa Leda Accorsi Gabrielli(Organizadora) de coletar as colaborações dos participantes da Oficina da Palavra que quisessem escrever textos em prosa e poesia...cada um expressando um momento marcante...e o resultado final está aqui: uma diversidade muito grande de abordagens sobre lembranças ou reflexões...dentro dessa grande variedade, persiste a expectativa de reafirmação de sentimentos de solidariedade e de fraternidade humanas, pois no fundo, não se pode ignorar certa magia, certa vibração contagiante, que que impele o indivíduo na direção do próximo, como um sopro de alguma coisa que se renova.”...

A Organizadora do livro é a Dra. Rosa Leda Accorsi Gabrielli, advogada, professora de história e geografia, artista plástica e jornalista, formada pelas melhores  Universidades de São Paulo. Possui extensa vida profissional escrevendo textos pastorais da Igreja Católica, membro da União Brasileira de Escritores. É detentora de cadeira na Academia Bauruense de  Letras que tem Cora Coralina como patronesse. Ela é como esse cronista, neta de Bortolo Accorsi, comerciante e produtor rural, co-fundador da Colonia Italiana de São Roque, distrito de Bento Gonçalves.

A Dra.Rosa Leda participa também como autora de dois textos: Um sobre imblóglios de uma família de origem italiana e outro sobre um pai que não comemorava festividades de origem religiosa. Ela está assumindo a presidência da Academia neste ano.

Esse livro é um alento para tornarmos  pessoas melhores, transformar-nos e também ao mundo, conflitos, reflexões sobre o tempo líquido, a fluidez dos relacionamentos...tempo de acreditar e de pensar que sempre vale a pena.

O PREFEITO QUE ERA POETA


O Prefeito de Novo Hamburgo Eugênio Nelson Ritzel foi eleito pela oposição à época MDB, contra os candidatos da ARENA (pró-governo militar), com expressiva margem de votos. Era pessoa bem conhecida na comunidade,  formação militar, dispensou o carro oficial e caminhava desde sua casa próxima à Sociedade Ginástica no Bairro Rio Branco até a Prefeitura na Praça da Bandeira na divisa de Centro com Hamburgo Velho.

 Professor conhecido como disciplinador, organizado e culto dedicou boa parte de seu mandato em favor da cultura. Tinha sido patrão de CTG e criou em sua gestão o Grupo Folclórico NH que apresentou-se na maioria das capitais brasileiras, viajou pela América Latina e participou do Folkmoot/USA, festival internacional  na Carolina do Norte.

Discordei dele por não ter desapropriado o antigo Cine Theatro Lumière que virou uma igreja, em compensação ele teve  coragem  ao declarar de utilidade pública e adquiriu o prédio  onde hoje se encontra a Biblioteca Pública Municipal que vivia peregrinando de um lado para outro sem uma sede própria. Também construiu o Centro de Cultura onde estão instalados a Secretaria de Cultura, o Teatro Paschoal Carlos Magno e a Escola Municipal de Artes . Foi membro co-fundador da Seccional do Movimento de Defesa do Patrimônio Cultural Gaúcho.

Fiquei vivamente impressionado quando tomei conhecimento de sua inusitada obra poética: IMIGRÍADES  o Poema Épico das Gerações de Origem Alemã no Rio Grande do Sul. Publicado num encarte do Jornal NH, do Grupo Editorial Sinos, dentro das comemorações do Sesquicentenário  da Imigração Alemã.

É uma composição em 173 versos relatando dentre outros:   A invasão da Europa por Napoleão, Pródromos da Imigração, João Daniel Hillebrand, a aparição de Jorge Antonio Schaeffer, A partida do lar e o início da Imigração, Chegada ao Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Leopoldo, A Feitoria do Linho Cânhamo, breve alusão aos Muckers, Os Brummers, lanceiros imperiais, O Musterreiter (Caixeiro Viajante), Vultos em Destaque na Colonização, O índios, os bugres e as Missões Jesuíticas e finalmente uma homenagem  merecida à mulher do colono.

Ao final de seu mandato Eugênio Nelson Ritzel resumiu: - “Com quase insignificante ajuda Estadual e Federal, foi demonstrado o quanto pode ser feito em educação, cultura, infraestrutura, transporte,  asfaltamento, saúde e lazer, sem mordomias e sem parentes na área da Prefeitura. Média municipal de arrecadação de 92% e média de aprovação de 82%  nos exames finais da Rede Municipal de Ensino. De mãos dadas tudo é mais fácil.”




0 HOMEM DA LINGUAGEM LOGO



No início dos anos 80 o jornalista Paulo Sérgio Gusmão, diretor do Grupo Editorial Sinos com seu irmão Mário Alberto, incentivaram a comunidade regional e em especial as Escolas a utilizarem a informática para o ensino e para o trabalho. Daí surgiu o Projeto Agora, com a participação decisiva do professor Ernest Sarlet, Secretário Municipal da Educação, grande líder educacional.

Com o apoio material e institucional da FEEVALE foi criado o Congresso Nacional de Informática Educacional e o Congresso Internacional de Linguagem Logo. Com a participação de profissionais locais, do país e do exterior. Especialistas de vários países estiveram presentes.

O principal convidado foi o professor e matemático Dr. Seymour Papert, diretor do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT. A razão era muito simples: tratava-se do criador da linguagem Logo, processo de formação educacional de crianças para o uso do computador.


Até hoje tenho em minha biblioteca o livro “LOGO: Computadores e Educação” editado pela Brasiliense em 1986, com uma dedicatória a mim endereçada quando de sua estada conosco.

A contracapa do livro resume: Você já pensou na possibilidade de o computador servia para o desenvolvimento intelectual da criança¿ Pois esse livro não só demonstra que isso é possível, como também apresenta um revolucionário sistema que viabiliza uma nova concepção de ensino. Seymour Papert revela aqui a facilidade com que a criança pode dominar a tecnologia dos computadores.

No último dia 31 Seymour Papert, nascido na África do Sul, faleceu em sua residência nos Estados Unidos, deixando-nos um legado de grande amizade e uma obra prima da educação para as crianças, também sob inspiração do grande educador suíço Jean Piaget. O Núcleo de Educação Informática e os computadores nas Escolas municipais criados pelo Professor Sarlet, tiveram o impulso decisivo do Projeto Agora e da passagem inspiradora de Seymour Papert aqui entre nós em 1986.





































ALCEU FEIJÓ: A IMAGEM ALÉM DO TEMPO

Desde garoto tenho acompanhado as notícias e as imagens dos nossos jornais e revistas. Meu s pais sempre incentivaram a leitura em nossa casa. Textos de Vinícius Bossle e fotografias instigantes de Alceu Feijó sempre foram e ainda são minhas preferidas.

A coluna Sala de Leitura da Jane Regina Mathias no Jornal ABC define com extrema propriedade o longevo e profícuo trabalho fotográfico de Alceu Feijó, o nosso  amigo de tanto tempo: “...lugares comuns e incomuns. Imagens que revelam o olhar sensível e mágico de quem dedicou a existência ao fotojornalismo.
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Fui convidado pela professora Tuti, filha do Feijó, para o lançamento bem em tempo do livro de fotografias que foram magistralmente produzidas  e publicadas nos veículos de comunicação do Grupo Editorial Sinos e outros meios de comunicação.

Dispensável justificar, porém é interessante especificar as inúmeras e diversificadas abordagens de instantes fotográficos que podemos contemplar:  a história do futebol( Pelé e a Copa do Mundo), administradores públicos e políticos bem como cidadãos comuns, a escola e o sindicato. São tantos que somente vendo para apreciar o encantamento em nós produzido.

A história do fotojornalismo e da fotografia em geral em nossa comunidade e no Brasil, não estariam completos se não houvesse a presença de Alceu Feijó, um verdadeiro mago da comunicação.

 Esse livro de fotografias é uma enciclopédia que não deve faltar em casa, na escola, na universidade e principalmente na Biblioteca Pública, tão carente de grandes novidades pela carência de recursos destinados à cultura pelo poder público.