domingo, setembro 22, 2013

O DRAMA DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS

A Agência Brasileira de Notícias(ABN) informou da grave carência de bibliotecas públicas escolares no Brasil . Há necessidade de serem construídas 130 mil bibliotecas até 2020 para cumprir uma lei que obriga a existência de ao menos um livro por aluno em cada escola da rede pública do País. É um drama do conhecimento daqueles que tem ao menos um pouco de interesse pela leitura escolar tanto quanto à de ficção e entretenimento.

Atualmente na rede pública escolar apenas 27, 5 % das escolas possuem bibliotecas. Em nossa região ao menos são vários os pequenos municípios que possuem as mais significativas formas de incentivos à leitura: Em Morro Reuter um monumento ao livro está numa praça central da cidade, atestando o carinho da municipalidade. Picada Café promove leituras e entrevistas de estudantes além das feiras de livros com distribuição de mesada para que cada aluno possa ao menos comprar um livro. O mesmo ocorre com Dois Irmãos, com incentivos à leitura patrocinados pela municipalidade.

A Biblioteca Pública Estadual, em Porto Alegre, agora denominada Moacir Scliar, funciona parcialmente. Alvo de uma reforma, estará à disposição total do público no início do próximo ano. Ela foi vítima de um lamentável equívoco de ex-diretor de cultura que mandou cobrir as belas pinturas das paredes internas alegando que distraiam os leitores.



O descaso de governos da república velha fez com que 40.000 títulos e um sem número de obras de arte do período Brasil Colonial  e Portugal fossem parar na Universidade Católica da América, em Washington. O diplomata e historiador Manoel de Oliveira Lima, detentor daquele acervo entregou-o àquela Universidade em virtude do desrespeito que fora tratado pelo governo brasileiro.  No momento 60.000 títulos, estão no sub-solo daquela universidade que vem arrecadando fundos para dar um local mais adequado ao acervo.

Enquanto isso no Brasil autoridade alguma, através do tempo, demonstrou algum interesse a respeito desse acervo bibliográfico e artístico que poderiam enriquecer uma ou até mais bibliotecas públicas.

Fotos: http://www.bibliotecapublica.rs.gov.br/

O CRONISTA DAS MISSÕES

Quando garoto em Porto Alegre acompanhava meu pai nas visitas aos amigos no centro da cidade. Um dos encontros mais agradáveis era com nosso primo o Professor Antonio Valentin Grando, inspetor do ensino técnico. Seu escritório na Secretaria de Educação era um local movimentado. O professor Grando era comunicador nato, amigo dos diretores, colegas e demais funcionários.

Sua liderança permitiu-lhe a eleição à presidência da Frente Agrária Gaúcha, entidade em defesa dos agricultores. Católico fervoroso mantinha as melhores relações de apoio e amizade com padres e bispos identificados com a causa. Durante a ditadura civil-militar sofreu a vigilância dos agentes dos governos. Seus passos, viagens, participação em seminários, cursos e congressos eram acompanhados de perto e gravados pelos arapongas da ditadura. Durante mais de dez anos foi convocado para esclarecimentos junto à policia politica( famigerada DOPS). Nada foi provado em desabono de sua conduta, pois ele educador, sabia de seus  direitos e deveres cívicos.

Onde o professor Grando destacou-se de modo especial foi no jornalismo. Dotado de ampla cultura geral e poliglota, além do português, dominava o italiano, francês e o espanhol. Foi publicado em periódicos do interior e dos países vizinhos próximos. Suas crônicas, contos e novelas descreviam as venturas e desventuras de brancos, negros, caboclos, índios, castelhanos e imigrantes que povoaram o interior do Estado, de modo particular a região missioneira onde residia. Alguns títulos: El Cerro Del Monje, “Eu vi matar Saldanha da Gama”, Tesouros Jesuíticos dos Sete Povos, Índios Remanescentes, Episódio da Revolução de L.C. Prestes, 1ºCaudilho Gaúcho Sepé Tiarajú Herói Missioneiro, e muitos outros.


O professor Antonio Valetin Grando, o Cronista das Missões, marcou de forma indelével sua passagem pela Cultura do Mercosul. Tinha paixão pela arqueologia.Foi ele quem no início dos anos 70 localizou a Redução de Candelária (em S.Luiz Gonzaga, hoje Rolador).


UM MUNICÍPIO EXEMPLAR

Um Convênio Internacional, em meados dos anos noventa, celebrou o esforço conjunto BrasilxAlemanha para a preservação e conservação de antigas casas do século XIX edificadas pelos imigrantes alemães no sul do Brasil.
Foram responsáveis pelo acordo o Centro Alemão de Johannesberg em Fulda, a Feevale, tendo como coordenadora a historiadora Angela  Thereza Sperb e a arquiteta Maria Criastina Hofer do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, realizando estudos especializados na Alemanha. O município de Ivoti, através de seu prefeito municipal Arnaldo Kney interessou-se pelo projeto e o subscreveu, indicando o Núcleo da Feitoria Nova, adquirindo imóvel para restauro.

Um Curso de Recuperação e Saneamento de Estruturas de Madeira foi desenvolvido em dois módulos: um teórico no Campus da Feevale, com palestras do Dr.Engº Manfred Gerner sobre  Construções em Madeira e Estruturas Enxaimel e Contribuição das Construções em Madeira e seu legado Cultural. O Chefe de Marcenaria Bernd Kuschnick falou sobre Métodos de Investigação e ferramentas/instrumentos. O arq.Edgar B.da Luz, relatou Experiências de Restauração no RGS pelo IPHAN.

No curso prático junto às casas da Feitoria Nova, as pessoas que passavam pela rua a pé ou de carro, paravam e perguntavam o que estava sendo feito. Ao saberem do restauro alguns elogiavam, a maioria ridicularizava ou criticava o gasto de dinheiro público em casas velhas. Passados mais de dez anos, a Prefeitura de Ivoti deu uma resposta altamente positiva: urbanizou o local recuperando o arroio que inundava as casas, as ruas estão calçadas, casas restauradas e ocupadas.

Para felicidade de Ivoti o Prefeito Arnaldo Kney foi eleito para um novo mandato, calou os críticos antigos:  restaurou com sua equipe técnica e apoio da comunidade a Feitoria Nova que estava abandonada e agora trata de preservar um imóvel no centro da cidade: a Casa Hotter, considerada a maior casa em enxaimel do Estado.

Vemos em alguns municípios prédio doado pela comunidade desabar pelo abandono do poder público ou goteiras que ameaçam danificar os cômodos e mobiliários de uma casa símbolo da imigração alemã. Em Ivotí ao contrário, a Prefeitura com apoio da comunidade, restauram um bairro inteiro e agora preservam também um imóvel no centro da cidade. Ivoti é sem dúvida alguma: Um Município Exemplar!

Foto: http://ivoti.rs.gov.br/pontos-turisticos

sábado, setembro 07, 2013

O REI DA ROLETA

Quando jovem participava de uma viagem de estudos. Na visita ao Rio de Janeiro, decidimos conhecer Petrópolis, a cidade imperial. No almoço paramos no hotel Quitandinha. Impressionados com a grandeza e o estilo europeu do hotel, perguntamos ao funcionário quem era o proprietário. E ele nos disse: É o Dr. Joaquim Rolla. Ele é um gênio! Um grande homem!



Muitos anos depois aqui em N.H. tomo conhecimento da biografia de Rolla, graças ao meu colega de roda cultural do Café Luna, EngºQuímico Altino Silva.
Joaquim Rolla,nascido em 1899,em S.Domingos da Prata, Minas Gerais, homem simples foi vaqueiro, açougueiro, tropeiro e construtor de estradas.
 À sombra do Governo Vargas, com incentivo ao turismo e regulamentação dos cassinos criou mais de vinte grandes empreendimentos de relevância nacional, tornando-se grande personagem da vida social, política e empresarial. Criou a Folha da Noite Mineira e a Agencia Difusora de Anúncios. O jovem Carlos Lacerda foi seu funcionário. Gente do governo como Felinto Müller(Chefe da Polícia Política) e Benjamin Vargas(irmão mais jovem de Getulio Vargas) eram frequentadores assíduos do cassino da Urca, adquirido por Rolla em um jogo de cartas.


Aproveitou bem a política de boa vizinhança com a América Latina do presidente Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos. Astros e estrelas como Josephine Baker e Bing Crosby e o famoso Cotton Club apresentaram-se nos palcos da Urca. O produtor Walt Disney hospedou-se no hotel do cassino e Orson Welles, beberrão e muiherengo, filmou parte do seu filme “It´s all True” e a Atlântida Cinematográfica produziu as suas famosas “chanchadas”. Foi nos palcos do cassino da Urca que Lee Schubert, produtor, conheceu Carmen Miranda levando-a para Holywood.

Com a eleição do general Eurico Gaspar Dutra em 1946, este proibiu os jogos e o funcionamento dos cassinos causando um duro golpe nas finanças de Rolla, o qual foi obrigado a desfazer-se da maioria de suas empresas.
 Vivendo aposentado e auferindo de rendas de seus negócios faleceu em seu apartamento de Copacabana em 1972, após praticar jogos de peteca(seu esporte preferido) desobedecendo ordens médicas de evitar esforços físicos.
 O sobrinho Neto de Rolla João Perdigão e o empresário Euler Corradi são os autores de um livro contando a história da vida de Joaquim Rolla “O Rei da Roleta.”



  

O ATELIER DE DONA CRISTINA

Nesse inverno, além do frio intenso, recebemos a má notícia do falecimento da artista plástica e professora Cristina Emma Klein Marquardt, aos  89 anos de idade. Era natural de Getulio Vargas, residindo há 37 anos em NH. Desde  garota dedicou-se ao desenho e à pintura com indomável espírito, moderna e irrequieta, construiu espaço invejável na educação e nas artes.

Em sua confortável residência, organizou um amplo atelier, com todas as condições de uma verdadeira escola de artes. Uma biblioteca especializada em artes e cultura geral servia de consulta permanente para Dona Cristina e seus alunos de todas as idades: jovens, adultos e veteranos, recebiam a atenção e o carinho da professora, a qual, com exemplo de força e tenacidade compartilhavam seus conhecimentos e sensibilidade artística.

Em 2012 realizou a exposição “Personalidades” no Espaço Cultural Albano Hartz com uma série de retratos a óleo de personalidades de destaque nas artes, na tradição e folclore, na política e no serviço público em geral. Destacamos os nomes de João Carlos Paixão Côrtes, Ariadne Becker, Ana Amélia Lemos, Tarcísio Zimmermann e sua esposa Sílvia Zimmermann.
Como amigos e vizinhos estávamos sempre em contato com Dona Cristina, que fazia questão de mostrar seus desenhos e quadros. Em seu estúdio particular e no atelier apreciamos retratos a óleo da Presidenta da República Dilma Roussef e da artista plástica e marchand Aninha Hauschild, dentre outros.

A professora e artista plástica Cristina Marquardt participou da fundação de várias entidades dedicadas às artes e à cultura em geral, doando-se para o bem da comunidade era uma resistente defendendo o patrimônio cultural.
Em diálogo com a artista plástica Ana Aline Bender Becker, Presidente da Associação de Artistas Plásticos de NH, essa registrou o quanto dona Cristina era querida e extraordinária colaboradora da Associação, exibindo sempre uma invejável energia, vitalidade e obstinação admiráveis.


UM MUNICÍPIO EXEMPLAR


Um Convênio Internacional, em meados dos anos noventa, celebrou o esforço conjunto BrasilxAlemanha para a preservação e conservação de antigas casas do século XIX edificadas pelos imigrantes alemães no sul do Brasil.

Foram responsáveis pelo acordo o Centro Alemão de Johannesberg em Fulda, a Feevale, tendo como coordenadora a historiadora Angela  Thereza Sperb e a arquiteta Maria Criastina Hofer do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, realizando estudos especializados na Alemanha. O município de Ivoti, através de seu prefeito municipal Arnaldo Kney interessou-se pelo projeto e o subscreveu, indicando o Núcleo da Feitoria Nova, adquirindo imóvel para restauro.

Um Curso de Recuperação e Saneamento de Estruturas de Madeira foi desenvolvido em dois módulos: um teórico no Campus da Feevale, com palestras do Dr.Engº Manfred Gerner sobre  Construções em Madeira e Estruturas Enxaimel e Contribuição das Construções em Madeira e seu legado Cultural. O Chefe de Marcenaria Bernd Kuschnick falou sobre Métodos de Investigação e ferramentas/instrumentos. O arq.Edgar B.da Luz, relatou Experiências de Restauração no RGS pelo IPHAN.

No curso prático junto às casas da Feitoria Nova, as pessoas que passavam pela rua a pé ou de carro, paravam e perguntavam o que estava sendo feito. Ao saberem do restauro alguns elogiavam, a maioria ridicularizava ou criticava o gasto de dinheiro público em casas velhas. Passados mais de dez anos, a Prefeitura de Ivoti deu uma resposta altamente positiva: urbanizou o local recuperando o arroio que inundava as casas, as ruas estão calçadas, casas restauradas e ocupadas.

Para felicidade de Ivoti o Prefeito Arnaldo Kney foi eleito para um novo mandato, calou os críticos antigos:  restaurou com sua equipe técnica e apoio da comunidade a Feitoria Nova que estava abandonada e agora trata de preservar um imóvel no centro da cidade: a Casa Hotter, considerada a maior casa em enxaimel do Estado.

Vemos em alguns municípios prédio doado pela comunidade desabar pelo abandono do poder público ou goteiras que ameaçam danificar os cômodos e mobiliários de uma casa símbolo da imigração alemã. Em Ivotí ao contrário, a Prefeitura com apoio da comunidade, restauram um bairro inteiro e agora preservam também um imóvel no centro da cidade. Ivoti é sem dúvida alguma: Um Município Exemplar!