A Revista do Globo, de 20 de dezembro de 1963, publicava uma reportagem, com fotos de João Vieira e texto de Eduardo Pinto. O tema era “Luta da arte pela arte: Instituto de Belas Artes de Novo Hamburgo”. O subtítulo era significativo: “Quando ensinar é quase um milagre”. E o texto não deixa por menos – “ Já é uma constante no Brasil, que os empreendimentos de caráter cultural e educativo tenham que enfrentar toda uma enorme série de dificuldades e obstáculos. Tal como nos folhetins que fizeram a delícia de nossas vovós, o “mocinho” sofria as malvadezas do “vilão” para poder ao final, à custa de sofrimentos de toda a ordem, triunfar penosamente. Se, essas iniciativas de cultura conseguem também vencer, afinal, tanto melhor. Infelizmente isso nem sempre acontece”.
A seguir, o autor fala sobre a cidade – “Uma das mais importantes...verdadeiro fenômeno industrial...uma cidade limpa,com um bom centro comercial e principalmente fábricas. Fábricas por todos os lados, em qualquer “canto” onde exista um barracão. Uma colmeia de trabalho impressionante. Entre seus pontos de visita obrigatórios, figura o Instituto de Belas Artes.” Sua primeira diretora foi a professora Emilia Margareth Sauer, que anteriormente lecionava,em sua própria residência, música, piano e acordeão. O sucesso foi tão grande que em 1963, um corpo docente, integrado por 15 profissionais altamente qualificados, atendia 270 alunos, nos cursos de Artes Plásticas, Música, Ballet, Escolinhas Infantís, Decoração de Interiores e Arte Floral. A sede do Instituto, alugado pela Prefeitura Municipal, era na Avenida Primeiro de Março, 59, atualmente conhecida como SEMEC II. O pedido de reconhecimento junto ao Ministério da Educação, tramitou até julho de 1968, quando recebeu a chancela federal, a primeira Faculdade de Novo Hamburgo. Era diretora, nessa época, a professora e artista plástica Maria Beatriz Furtado Rahde. Esse demorado processo merece uma crônica específica.
Fizemos essas considerações preliminares, para tentar decifrar o enigma que vem tornando difícil alguma forma de intervenção no prédio, popularmente denominado SEMEC II, que atualmente não tem condições de habitabilidade. O local possui um significado todo especial, é afetivo. Está destinado a ser palco da resistência cultural de Novo Hamburgo. Doado por Leo Campani ao município, serviu de sede do Tiro de Guerra ( Serviço Militar ). Foi Centro de Recrutamento do Exército, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, representação do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação. Sediou ainda o Coral e a Banda Municipal, a AHTADAC e a Escola Municipal Octávio Rosa.
A ASSOCULT- Associação para a Preservação e Conservação do Patrimônio Cultural, iniciou uma campanha visando a reforma do prédio, num custo estimado em torno de R$ 500 mil. A Prefeitura não tem previsão orçamentária para tal. No entanto, a Secretária de Planejamento, Silvia Mosmann, e o Diretor de Planejamento Urbano, Alvício Luís Klases Neto, tem oportunizado reuniões para análise da situação. O Secretário de Cultura e Turismo, Frederico Momberguer Neto, declarou-se favorável ao projeto, alertando para a necessidade de parcerias.
Em boa hora, chega a oferta do arquitetoAloisio Eduardo Daudt – registrou doação no Cartório de Registro de Títulos e Documentos ( Tabelionato Fischer): “Em favor das Artes e da Cultura, das pessoas que lutaram e lutam por ela, eu, Aloísio Eduardo Daudt, dôo a Concepçao Arquitetônica da SEMEC II ( Antigo Instituto de Belas Artes ), para acelerar o Processo Construtivo desta edificação, à Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo.”Na próxima terça-feira, apresentaremos o parecer técnico e comentários do arquiteto.
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