Quando
garoto em Porto Alegre acompanhava meu pai nas visitas aos amigos no centro da
cidade. Um dos encontros mais agradáveis era com nosso primo o Professor
Antonio Valentin Grando, inspetor do ensino técnico. Seu escritório na
Secretaria de Educação era um local movimentado. O professor Grando era
comunicador nato, amigo dos diretores, colegas e demais funcionários.
Sua liderança permitiu-lhe a eleição à
presidência da Frente Agrária Gaúcha, entidade em defesa dos agricultores.
Católico fervoroso mantinha as melhores relações de apoio e amizade com padres
e bispos identificados com a causa. Durante a ditadura civil-militar sofreu a
vigilância dos agentes dos governos. Seus passos, viagens, participação em
seminários, cursos e congressos eram acompanhados de perto e gravados pelos
arapongas da ditadura. Durante mais de dez anos foi convocado para
esclarecimentos junto à policia politica( famigerada DOPS). Nada foi provado em
desabono de sua conduta, pois ele educador, sabia de seus direitos e deveres cívicos.
Onde o
professor Grando destacou-se de modo especial foi no jornalismo. Dotado de
ampla cultura geral e poliglota, além do português, dominava o italiano,
francês e o espanhol. Foi publicado em periódicos do interior e dos países
vizinhos próximos. Suas crônicas, contos e novelas descreviam as venturas e
desventuras de brancos, negros, caboclos, índios, castelhanos e imigrantes que
povoaram o interior do Estado, de modo particular a região missioneira onde residia.
Alguns títulos: El Cerro Del Monje, “Eu vi matar Saldanha da Gama”, Tesouros
Jesuíticos dos Sete Povos, Índios Remanescentes, Episódio da Revolução de L.C.
Prestes, 1ºCaudilho Gaúcho Sepé Tiarajú Herói Missioneiro, e muitos outros.
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