O ANTIGO CAFÉ AVENIDA
Plínio Dall´Agnol
Assim como o Café Luna, criado por Rudy Lannius em 1954,
passou em 1971 para Plínio Finck , do mesmo modo o Antigo Café Avenida, criado em 1931 por Eduardo Kraemer,
pai do Sr.Sadi Kramer, passou para novos proprietários em 1942( os irmãos Osmar
e Oscar Guerreiro). De acordo com
entrevista de Seu Omar à revista Hoje(dez.1992) “ O Café de onde os políticos
nunca se afastam. As mesas se tornaram tribunas para os mais conhecidos e os
quase anônimos. Onde empresários, trabalhadores, advogados, médicos e seus
pacientes, amigos e inimigos dividiam o mesmo espaço, democraticamente”.
Quando em algum sábado conseguia uma folga da Faculdade,
vinha ao Centro com meus filhos os quais cumpriam suas tarefas de abastecer-se
de guloseimas e revistinhas na Tabacaria do Seu Araújo, e atualizar suas
coleções de playmobil no Bazar Central da Família Selegar. Ao mesmo
tempo eu curtia o convívio saudável do antigo Café Avenida próximo, na esquina
da Pedro Adams com a General Netto. Meus diálogos com Fausto Wolff lá no
Avenida foram marcantes e inesquecíveis: proveitosos e contribuíram para meus
conhecimentos nas áreas do jornalismo e literatura. Fui apresentado a ele por
sua cunhada, a Profa.Marlise Wolfenbüttel, Diretora da Faculdade de Belas Artes
e minha colega na Feevale. Residindo no Rio, vinha a Porto Alegre rever amigos
e visitar seus familiares em Novo Hamburgo.
Fausto Wolff, um dos fundadores de “O PASQUIM”, periódico
irreverente e crítico da ditadura militar (1964-1985), foi obrigado a exilar-se
na Europa por dez anos. Lecionou literatura nas Universidades da Dinamarca,
Itália e França. Foi autor de uma valiosa bibliografia, incluindo dezenas de
peças teatrais, mais de 20 livros. Era um exímio poliglota, dominando o alemão,
norueguês, francês, inglês e italiano. Dividia seu trabalho de tradutor com o
jornalismo, televisão e literatura. Nascido em 1940, em Santo Ângelo, faleceu
em 2008, no Rio de Janeiro.
Ruy Castro sintetizou: “ Houve época no Rio, em que todos os
homens queriam ser Fausto Wolff, Pela inteligência e pelas mulheres que ele
conquistava”.
Foi um privilégio conhecer Fausto Wolff, no velho Café
Avenida, em Novo Hamburgo.
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