Tive o
inusitado prazer de encontrar pela primeira vez o professor KURT WALZER nos
idos anos setenta quando criamos o Movimento em Defesa do Acervo Cultural
Gaúcho, incentivados pelo Dr. Leandro da Silva Telles, doutor pela Universidade
de Berlim, fundador do Movimento e autor de um dos primeiros livros que
tratam da preservação e conservação do
patrimônio cultural.
Um grande
companheiro, o prof. Walzer era uma pessoa de elevada cultura e muito bom
humor. Tratava com extrema cortesia a todos e em particular seus alunos de
matemática e física. Carismático, tornou-se popular com os quais teve a
oportunidade de conviver. Ele nasceu em Strassburg, no Estado da Alsácia, à
época Alemanha, hoje território francês. Quando concluiu seus estudos de
Pedagogia, candidatou-se para um emprego fora da Alemanha, pois era difícil
emprego em alguma Escola da Alemanha, e esse cronista acredita também que era
por não estar inscrito no Partido Nacional (nazista). Teve 3 opções: Hong-Kong,
Espanha e sul do Brasil.
Tendo optado
pelo Brasil foi contratado pelo padre jesuíta Michael Meier, diretor da Escola
Normal Católica de Hamburgo Velho, onde lecionou em alemão(os alunos entendiam
o idioma de Goethe), simultaneamente estudava português após 3 meses falava seu novo idioma. Exímio
violinista, lecionou música organizando várias orquestras.
A Escola teve de
seus 38 projetos arquitetônicos nas várias construções 22 foram de autoria do
prof.Walzer.
No dia do colono de 1939, o discurso de um aluno da escola irritou o Secretário de Educação do Estado do Rio Grande do Sul
Dr. J.P.C. Coelho de Souza,
representante da ditadura Vargas, o que ocasionou o fechamento da Escola e os
professores perseguidos e presos. O prof. Walzer foi um dos levados à Casa de
Correção (cadeia pública), teve bens apreendidos e ao ser libertado só recebeu
uma parte de volta.
Mais
detalhes dessa extraordinário biografia podem ser conhecidos no livro INCIDENTE
da historiadora Diva Walzer Kuhn, filha do mestre Kurt Walzer.