Todos os anos, em particular no mês de abril, realizam-se comemorações alusivas aos nossos indígenas. E, durante todo ano, tenho a oportunidade de encontrar alguns de nossos índios acampados à beira das estradas. Até nas cidades temos a ocasião de vê-los, com seus artesanatos à venda, nas sinaleiras.Na praia ocorre o mesmo, são em sua maioria crianças, mulheres com bebês, todos vestidos modestamente, procurando manter sua dignidade de uma cultura tão duramente atingida pelos homens brancos.
É dever do Governo Brasileiro proteger as regiões remotas do Brasil, demarcando suas fronteiras com outros países e preservar as nações indígenas. Foi notável e altamente positiva, como vem sendo até hoje, a ação do exército. O marechal Cândido Rondon é o nome heróico, sempre lembrado.Viajou Brasil a dentro, marcando as nossas fronteiras e promovendo ações de proteção ao índio e sua cultura.
Esforços governamentais, pouco expressivos, no decorrer do tempo, verificam que muita coisa ruim aconteceu: contatos prematuros de aventureiros, grupos de caçadores, pesquisadores sem conhecimento científico, frentes de ocupação patrocinadas pelo governo sem um planejamento definido ou patrocinadas por particulares visando a instalação de serrarias ou garimpos, em sua grande maioria ilegais.
Vários parques nacionais foram criados, tentando corrigir erros passados, visando: preservar a fauna e a flora em reservas naturais intocadas e oferecer proteção às tribos indígenas, através de assistência oficial. Para tanto, a Fundação Nacional do Índio tem suas delegacias instaladas nas regiões de ocupação indígena. O Estatuto do Índio dá-lhes a condição de cidadania especial, sob a tutela do Estado Brasileiro.
O Parque Nacional do Xingu é uma reserva federal, criada pelo Governo do Brasil em l96l, com suas dimensões aumentadas em l968. De acordo com relato dos indianistas Cláudio e Orlando Villas Boas “Está situado ao norte do Estado de Mato Grosso, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Amazonia. A região, toda ela plana, onde predominam as matas altas entremeadas de cerrados e campos, é cortada pelos formadores do Xingu e pelos primeiros afluentes de ambas as margens”.
Na entrevista de Orlando Villas Boas, em 10.2.1975, à revista Visão, fica registrado de forma contundente, o modo equivocado com entendemos nossos irmãos índios - donos dessas terras do Brasil: - “Se fizermos uma comparação com os índios, poderemos dizer que os civilizados são uma sociedade sofrida. O índio por sua vez, estacionou no tempo e no espaço. O mesmo arco que ele faz hoje, seus antepassados faziam há mil anos.Se eles pararam nessse sentido, evoluiram quanto ao comportamento do homem dentro da sua sociedade. O índio em sua tribo, tem um lugar estável e tranqüilo. É totalmente livre, sem precisar dar satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda a estabilidade tribal, toda a coesão está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades: uma tranqüila, onde o homem é dono de todos os seus atos; outra, uma sociedade em explosão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a paz dentro da sociedade. Se um indivíduo der um grito no centro de São Paulo, uma rádio-patrulha poderá levá-lo preso. Se um índio der um tremendo berro no meio da aldeia, ninguém olhará para ele, nem irá perguntar por que ele gritou.
O índio é um homem livre.”